Enredo: "Madureira... Onde Meu Coração se Deixou Levar"
Pequisa: Paulo Menezes e Carlos Monte
Sinopse:
Rio de Janeiro, 1970.
Avenida Presidente Vargas.
“Nesta Avenida colorida a Portela faz seu carnaval...”
Com o rosto molhado de suor e lágrimas, vejo a minha Escola conquistar a plateia com mais um desfile. Agora com um sabor especial, se aquecendo... “senti meu coração apressado, todo o meu corpo tomado, minha alegria voltar...”
E então pensei:
“Meu coração tem mania de amor...” E que amor é esse que me conquista a cada dia? Que amor é esse que move toda essa gente? De onde vem isso tudo e como essa história começou?
E é isso que vou descobrir.
E assim, com a alma aquecida de emoções, lá fui eu para Madureira, de trem, cantando samba, assim como Paulo Benjamin fazia décadas atrás.
“Eu canto samba
Porque só assim eu me sinto contente
Eu vou ao samba
Porque longe dele eu não posso viver...”
Quero trilhar os caminhos desse povo, como um “peregrino”, descobrir sua gente, sua cultura, sua fé, o seu canto e o seu samba.
Descobrir sua história.
Pisar onde outrora pisaram tropeiros, escravos, boiadeiros, mercadores e imperadores, caminhos de trabalho e suor, onde antes só se viam fazendas, engenhos e fé, afinal toda essa história começa pela fé.
E o povo dança, o povo canta; dança o branco, dança o negro.
“Pisei na pedra
A pedra balanceou
Levanta meu povo
Cativeiro se acabou”
Negros fugidos, negros forros. Festa, jejum e esmola. Samba, dança, música e religião. Enfrentar a dor através da arte.
Casas de umbanda e casas de candomblé, liderança e mistério, atraindo a atenção para a “roça”.
Caminhos de terra, caminhos de ferro.
E o povo vai chegando, de tudo quanto é direção. Imigrantes de dentro e de fora. Os caminhos viram estradas.
Estradas de terra, estradas de ferro.
Chega o progresso e com ele os ambulantes, que depois viram mercadinhos, os mercadinhos viram mercados e os mercados viram mercadões.
E eu... vou seguindo meu caminho.
Vou ouvindo batuques, ritmos e sons. Sons sincronizados, parecendo sapateado. Mas são apenas sons de pés, que dançam, chutam e pulam. Pés que vão construindo outros caminhos. Não importa se num tablado, no asfalto ou na grama, o importante é a ginga, que por vezes me lembra a de um malandro. Como tantos que esta história construiu. Ou como tantos que aqui chegaram para construir outras histórias. Malandros loiros, brancos, mulatos, sararás, crioulos. Assim como as músicas, loiras, brancas, mulatas, sararás e crioulas, ou como se diz agora: black.
“No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança”
E o batuque continua.
Marchinhas, mascarados, coretos, baianas, blocos de sujo, carnaval...
São os caminhos da folia! Caminhos da fantasia, onde cada um é o que deseja ser, onde mulher pode virar homem e homem, virar mulher. E é através da fantasia, do sonho, que nascem duas das maiores Escolas de Samba da história.
E que orgulho hoje ver Portela e Império, juntas, a cantar que esse nosso lugar “que é eterno no meu coração. E aos poetas traz inspiração pra cantar e escrever”.
Madureira é assim. Amor, atividade intensa, vivida com orgulho suburbano, lugar de morada da altiva nobreza popular, pois aqui reside a Majestade do Samba.
“Não posso definir
Aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar...”
Tantos são os caminhos, e por eles vou atrás de suas histórias, me sentindo cada vez mais parte integrante dela, deste lugar e destes caminhos, que hoje se encontram mais uma vez, afinal...
Sou Paulo, sou Paulinho, da Viola e da Portela.
E tenho muito orgulho em contar esta história para vocês, afinal... “o meu coração se deixou levar.”
E, agora, o mesmo trem que me trouxe, me leva de volta, e continuo batucando, não mais como Paulo Benjamin fazia, mas como todos os Portelenses continuam fazendo ainda hoje, preservando a sua memória e o seu lugar, que eternamente será conhecido como a “Capital do Samba”.
“Madureiraaa, lá lá laiá.”
Paulinho da Viola,
pelas mãos de Paulo Menezes (e mais uma vez os caminhos se cruzam).
Este enredo é dedicado aos noventa anos da Portela e a todos os portelenses que, infelizmente, não estão mais entre nós, mas que continuam abençoando a Portela lá de cima, do Olimpo dos sambistas.
Avenida Presidente Vargas.
“Nesta Avenida colorida a Portela faz seu carnaval...”
Com o rosto molhado de suor e lágrimas, vejo a minha Escola conquistar a plateia com mais um desfile. Agora com um sabor especial, se aquecendo... “senti meu coração apressado, todo o meu corpo tomado, minha alegria voltar...”
E então pensei:
“Meu coração tem mania de amor...” E que amor é esse que me conquista a cada dia? Que amor é esse que move toda essa gente? De onde vem isso tudo e como essa história começou?
E é isso que vou descobrir.
E assim, com a alma aquecida de emoções, lá fui eu para Madureira, de trem, cantando samba, assim como Paulo Benjamin fazia décadas atrás.
“Eu canto samba
Porque só assim eu me sinto contente
Eu vou ao samba
Porque longe dele eu não posso viver...”
Quero trilhar os caminhos desse povo, como um “peregrino”, descobrir sua gente, sua cultura, sua fé, o seu canto e o seu samba.
Descobrir sua história.
Pisar onde outrora pisaram tropeiros, escravos, boiadeiros, mercadores e imperadores, caminhos de trabalho e suor, onde antes só se viam fazendas, engenhos e fé, afinal toda essa história começa pela fé.
E o povo dança, o povo canta; dança o branco, dança o negro.
“Pisei na pedra
A pedra balanceou
Levanta meu povo
Cativeiro se acabou”
Negros fugidos, negros forros. Festa, jejum e esmola. Samba, dança, música e religião. Enfrentar a dor através da arte.
Casas de umbanda e casas de candomblé, liderança e mistério, atraindo a atenção para a “roça”.
Caminhos de terra, caminhos de ferro.
E o povo vai chegando, de tudo quanto é direção. Imigrantes de dentro e de fora. Os caminhos viram estradas.
Estradas de terra, estradas de ferro.
Chega o progresso e com ele os ambulantes, que depois viram mercadinhos, os mercadinhos viram mercados e os mercados viram mercadões.
E eu... vou seguindo meu caminho.
Vou ouvindo batuques, ritmos e sons. Sons sincronizados, parecendo sapateado. Mas são apenas sons de pés, que dançam, chutam e pulam. Pés que vão construindo outros caminhos. Não importa se num tablado, no asfalto ou na grama, o importante é a ginga, que por vezes me lembra a de um malandro. Como tantos que esta história construiu. Ou como tantos que aqui chegaram para construir outras histórias. Malandros loiros, brancos, mulatos, sararás, crioulos. Assim como as músicas, loiras, brancas, mulatas, sararás e crioulas, ou como se diz agora: black.
“No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança”
E o batuque continua.
Marchinhas, mascarados, coretos, baianas, blocos de sujo, carnaval...
São os caminhos da folia! Caminhos da fantasia, onde cada um é o que deseja ser, onde mulher pode virar homem e homem, virar mulher. E é através da fantasia, do sonho, que nascem duas das maiores Escolas de Samba da história.
E que orgulho hoje ver Portela e Império, juntas, a cantar que esse nosso lugar “que é eterno no meu coração. E aos poetas traz inspiração pra cantar e escrever”.
Madureira é assim. Amor, atividade intensa, vivida com orgulho suburbano, lugar de morada da altiva nobreza popular, pois aqui reside a Majestade do Samba.
“Não posso definir
Aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar...”
Tantos são os caminhos, e por eles vou atrás de suas histórias, me sentindo cada vez mais parte integrante dela, deste lugar e destes caminhos, que hoje se encontram mais uma vez, afinal...
Sou Paulo, sou Paulinho, da Viola e da Portela.
E tenho muito orgulho em contar esta história para vocês, afinal... “o meu coração se deixou levar.”
E, agora, o mesmo trem que me trouxe, me leva de volta, e continuo batucando, não mais como Paulo Benjamin fazia, mas como todos os Portelenses continuam fazendo ainda hoje, preservando a sua memória e o seu lugar, que eternamente será conhecido como a “Capital do Samba”.
“Madureiraaa, lá lá laiá.”
Paulinho da Viola,
pelas mãos de Paulo Menezes (e mais uma vez os caminhos se cruzam).
Este enredo é dedicado aos noventa anos da Portela e a todos os portelenses que, infelizmente, não estão mais entre nós, mas que continuam abençoando a Portela lá de cima, do Olimpo dos sambistas.
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